quarta-feira, 17 de setembro de 2008


"Mas eu vou engolir a sua falta como eu engulo uma batata-suíça, eu vou engolir a sua falta-suíça.
Da sua falta, as patas malditas cravadas na minha cabeça: eu vou contorcer o pescoço e engoli-las.
As suas faltas patéticas eu vou engolir sem engasgar, eu vou me esganar de enfiar goela abaixo a sua crítica falta. Que nem engulo um copo de suco, um prato de sopa, uma caixa de twix.
Você não perde por esperar o que eu vou fazer com a sua falta: eu vou engolir sem sal, sem tempero, sem assar, crua mesmo, a sua falta crua eu vou engolir com sangue pingando, nervos, bernes e o que mais houver na carne da sua falta cruel.
Eu não tenho nojo da sua falta, eu tenho nojo é da sua ausência, a sua falta eu vou encher de vinagre e ficar vendo a sua falta mudando de cor, alterada de dor, eu vou fazer a sua falta sofrer muito antes de engoli-la.
Eu vou é jogar sal na sua falta, quero ver a sua falta derreter que nem uma lesma coberta de sal. E aí, sim, é que você vai ter certeza: eu não tenho nojo da lesma da sua falta, mole, derretida, a sua falta assim vai ser engolida.
No meu estômago, os ácidos vão corroer a sua falta e matar a sua falta e eu vou digerir o bife podre e mal-temperado da sua falta, o bife derretido que nem lesma salgada.
E eu asseguro: eu vou engolir garganta adentro e não vou vomitar nadica de nada da sua falta, porque, depois de engolida, não vai sobrar nada da sua falta e ela nunca mais vai voltar, nunca mais. Nunca mais que eu vou ter a falta sua me enchendo a paciência." (Zero)

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